Na adolescência, é comum ter que extrair os dentes do siso ou “do juízo”, como a maioria das pessoas se referem aos nossos terceiros molares, presentes no final da arcada dentária, tanto na parte superior como na inferior e dos dois lados. Com a palavra, o professor Eduardo Sanches Gonçales, do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.
Os terceiros molares são chamados de dentes do siso, ou do juízo, por nascerem durante a adolescência na maioria das pessoas. Como são os últimos a se formarem, esses dentes são os últimos a nascerem. No entanto, é possível que algumas pessoas não tenham esses dentes, o que não indica nenhum problema, segundo o professor Gonçales. “Quando um dente não se forma, chamamos de agenesia dentária, que é relativamente comum, especialmente em relação aos terceiros molares”, explica.
O grau de dificuldade da operação de extração dos terceiros molares depende da posição dos dentes, da quantidade de osso e do número, da formação e da anatomia das raízes, por exemplo. O dentista aponta que “dependendo dessa classificação, será definido se os quatro dentes serão removidos em um mesmo procedimento ou serão retirados um por um”.
Se houver indicação e não forem removidos, esses dentes podem acarretar dano ou prejuízo para o paciente, como infecções localizadas, dores, cáries, problemas de gengiva e até cistos e tumores que se relacionam com esses dentes. “Se, por outro lado, não houver indicação de remoção e mesmo assim forem extraídos, isso vai facilitar a higienização e o procedimento acaba sendo benéfico”, informa o professor.
Com a permanência dos terceiros molares, o professor alerta para a higienização, pois eles são difíceis de serem alcançados pela escova e fios dentais, portanto, a extração profilática é o mais indicado, “assim, a pessoa vai higienizar adequadamente o segundo molar e não vai sofrer com cáries e problemas na gengiva.”
Para finalizar, Gonçales lembra que os terceiros molares são dentes como quaisquer outros e dores relacionadas a esses dentes decorrem de cáries ou problemas na gengiva e, no caso dos terceiros molares, principalmente, de pericoronarite, inflamação decorrente da infecção da gengiva que cobre total ou parcialmente a coroa desses dentes. “O tratamento da pericoronarite é basicamente a limpeza da região, que deve ser feita pelo cirurgião-dentista, e consiste na remoção mecânica de resíduos de alimentos por meio de irrigação do local com soro fisiológico, associado ou não com antisséptico bucal e, no caso de inflamação, associado também ao uso de antibióticos”, ressalta.
Fonte: Jornal USP