Neste momento em que a pandemia foi estabelecida pela OMS é necessário que todos os profissionais da área de saúde colaborem e estabeleçam o que vão fazer, segundo a professora e coordenadora do Núcleo de Evidências da Faculdade de Odontologia da USP em São Paulo, Fernanda Campos de Almeida Carrer.
Para a professora, nesse cenário, o dentista tem um papel fundamental, pois se expõe ao trabalhar diretamente com fluido, a saliva, que é grande contaminante, portanto deve tomar ainda mais medidas de precaução e de biossegurança no tratamento odontológico. A professora lembra que é momento de reflexão sobre a real necessidade de um tratamento estético, por exemplo, especialmente no momento em que o governo orienta para diminuir a circulação de pessoas de forma geral, o que inclui parar de ir ao consultório médico e odontológico.
As proteções para aqueles que tiverem necessidade de ir ao consultório do dentista são as mesmas amplamente divulgadas, como lavar sempre e muito bem as mãos, quando isso não for possível passar álcool gel, manter distância entre as pessoas, e no consultório, tanto privado como no Sistema Único de Saúde, cuidado ao manusear revistas e jornais, por exemplo. “As pessoas colocam a mão na boca para manipular esse material, quanto menos você encostar a mão na sala de espera melhor e, se perceber alguém tossindo ou espirrando manter distância. Mas lembra-se que toda vez que você sair de casa você se coloca em risco”.
A equipe de saúde bucal está exposta e a evidência tem mostrado algumas estratégias que podem ter eficácia, mas não se sabe se é total. O Journal Dental Research traz em sua última edição que não existe uma maneira segura de fazer um atendimento odontológico. Mas, para proteção existem vários mecanismos, como usar máscaras específicas, a N-95, óculos de proteção extremamente vedados, pois já existem relatos recentes mostrando a permeabilidade da membrana ocular para o vírus, o que significa que óculos abertos não são eficazes e, tem até sugestão de banho após cada atendimento. A literatura também traz que alguns colegas da equipe médica e de enfermagem se contaminaram ao tirar os paramentos, ou seja, as roupas que vestiam enquanto atendiam paciente infectado, portanto, esse material também exige cuidados na hora de serem descartados.
No caso de real necessidade de atendimento de urgências, o uso de aerossol e spray devem ser evitados pelo cirurgião dentista e o procedimento a limpeza do equipamento deve ser muito bem feito. Segundo a especialista a literatura mostra que o melhor produto para essa finalidade é o cloro. Ela alerta que um bochecho com peróxido de hidrogênio a 1%, também pode ajudar o profissional, uma vez que a clorexidina parece não ter efeito para esse vírus.
Os profissionais da área de saúde bucal, assim como todos os outros profissionais dessa área, têm um papel fundamental na integralidade do cuidado, fator garantido por lei a todos os brasileiros. Para Fernanda, é hora da equipe de saúde bucal se incorporar a força de trabalho do SUS, para o País sair dessa crise o mais breve possível “Que o SUS saia fortalecido nesse momento, pois é a maior sistema público universal e gratuito do mundo”.
Fonte: Jornal USP